25 de jun. de 2014

Mística e Comunicação: duas vias inseparáveis


Podemos dizer que é possível haver verdadeira comunicação sem mística? Acredito que não! E tão pouco será possível, sem vida interior, uma profunda comunhão com o outro. O papa Francisco define a comunicação como proximidade. Mas creio ser improvável tal proximidade, se antes não houver, em Cristo, um caminho de autoconhecimento e autoaceitação.

Ser verdadeiramente próximo implica doação, entrega... Todavia, como é possível doar-se a alguém, quando, muitas vezes, não há o mínimo de clareza sobre si mesmo? Neste sentido, se eu me tenho pela metade, naturalmente, não poderei dar-me ao outro por inteiro no processo de comunicação.


O que quero dizer é que, se não há mística nas relações e na forma de comunicar, a proximidade torna-se fria e indiferente, sem o mínimo consolo de afeto. Logo, a comunicação torna-se frágil e incapaz de transformar.


Sem "espírito", portanto, as técnicas servem apenas para enfeitar as palavras. Sem autêntica vida interior, a comunicação se apresenta vazia de sentido e sem "tempero" algum. De fato, o que dá sabor às palavras é a profundidade com que elas são gestadas no interior daquele que as concebe.


Contudo, o ser humano está cada vez mais sedento de uma palavra verdadeiramente duradoura, que seja capaz de tocar-lhe a alma e elevar o espírito. Onde está essa palavra? Ousaria dizer que ela nasce do silêncio, da solidão de si, da profunda escuta.

Como afirmou Bento XVI, "O silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras densas de conteúdo. No silêncio, escutamo-nos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos".
Quando o comunicador silencia, ele encontra no mais profundo de si "a mística da comunicação", "a mística da proximidade". Sem isso, suas palavras apenas divagam pelo mundo sem jamais tocar o coração do homem, seu único lugar de repouso.

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