23 de jul. de 2014

MEDITAÇÃO: Teresa D'Ávila e João da Cruz

 Para Santa Teresa meditar é "começar a tirar água do poço" (V.11), discorrer muito com o entendimento (6M7,10). São João da Cruz é mais preciso: "a meditação é ato discursivo por meio de imagens, formas e figuras, fabricadas e imaginadas pelos ditos sentidos" da imaginação e fantasia (2S12,3).
Ambos adotam a mesma postura sobre a importância e o mérito da meditação, ou seja, da oração que se utiliza do entendimento que se move a Deus por meio das coisas sensíveis, ainda que concordam também de que a meditação é o início da vida orante, uma forma primeira de oração. Para aqueles que seguem o caminho da oração, a meditação deixará lugar a formas mais interiores de orar.
O fim da meditação é, segundo João da Cruz, "tirar alguma notícia e amor de Deus" (2S 14,2; 12,5); "dispor e habituar o espírito ao espiritual" (2S 13,1), até que se passe da meditação à contemplação, no tempo certo, com atento discernimento.
Pressuposto da meditação é a dimensão teologal que deve mover o orante. A meditação cristã não é simples método de relaxamento. É meio para comunicar-se com Deus, de quem o orante aceita, de antemão, o protagonismo. A oração deve ser fundamentada no que convencimento de que "o que se faz, faz-se para o prazer e o serviço do Senhor" (V. 11,11), e deve ser praticada com a determinação e a liberdade do amor a Deus, sem outros interesses, nem lágrimas, nem gostos e ternuras, "senão em servir com justiça e fortaleza de alma e humildade" (ib. 14). À luz desta dimensão teologal, vive-se e julga-se a vibração psicológica que a relação com Deus comporta.
Quando se padece da incapacidade de "ter um bom pensamento" e aparecem "securas, desgosto, pouca vontade" no exercício da oração (ib 11), o que fazer? Santa Teresa responde a partir de distintas convergentes perspectivas: confiados na bondade de Deus, "creiamos que tudo é para o nosso bem" (V11, 13), e que "o Senhor não olha para estas coisas" (ib 16). A disposição do orante deve ser aquela que se dispõe Àquele que nos ama, dizendo: "Fazei, Senhor, o que quiser" (ib 13). A experiência psicológica, portanto, não faz melhor a oração (4M1,6; 6M 8,10).
Ainda que tudo na oração exigirá um bom discernimento, uma boa discrição, Teresa de Jesus aconselha a que não afoguem a pobre alma (V.11,16), que a levem com suavidade, sem exigências absurdas, servindo-se do corpo, tomando alguns passatempos, mudando a hora de oração (V. 11,16). Aconselha também a andar com alegria, liberdade e grande confiança e não apequenar os desejos (V. 13,1-7); procurar a solidão (ib 7); vigiar com cuidado os desejos precipitados de querer que todos sejam muito espirituais, procurar tratar com pessoas letradas e de experiência (V 13, 16-21); 7,20-22; 3M 2,12; V 13,3; 3M 2,12).


Fonte: http://www.carmelo.com.br/default.asp?pag=p000094

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